quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Breve história da cenografia...


Opa! Adoro link de livro!
Bom, como já coloquei no título do post, é um PDF com um breve histórico da cenografia no TEATRO, TELEVISÃO, CINEMA, possibilidades da cenografia virtual e conceitos de coisas que envolvem o assunto de forma direta.
Ah, tem imagens que mostram detalhes estruturais também!!!

CENOGRAFIA
Flávia Martini Ramos e Tatashi Fujiwara Neto
Caleidoscópio
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Tecnológico
Departamento de Arquitetura e Urbanismo
Tecnologia da edificação I
Link : http://www.arq.ufsc.br/arq5661/trabalhos_2010-1/cenografia/cenografia_2010-1.pdf




terça-feira, 9 de agosto de 2011

O que é DIREÇÃO DE ARTE?

A direção de arte é fácil de ser percebida, mas um tanto difícil de ser conceituada e nesse meio cênico em que vivemos é sempre bom uma aprofundada em qualquer coisa que gere dúvida em nós, então estive procurando em alguns blogs e sites uma boa referência textual sobre o assunto, mas até com a informação globalizada que temos hoje, a direção de arte é um assunto que existe uma certa dificuldade mesmo. No site wikipedia  a gente encontra um conceito bem superficial do que seria a função do diretor de arte e abrange um pouco em cada área que ele pode atuar, mas mesmo assim é bem vago. E minha busca continua até achar um blog interessantíssimo que desenvolve de forma simples esta questão, mas refere-se apenas o que acontece no cinema  e na TV que é onde mais ouvimos falar de direção de arte na maioria das vezes... Deliciem-se!
BJ, Léo

Direção de arte: a diferença que você vê

Por Daniela Castilho

A melhor definição do que é a direção de arte em cinema eu escutei da cineasta Lina Chamie: “tudo que você vê na tela, enquadrado pela câmera, é direção de arte.”   Metrópolis de Fritz Lang

O diretor de arte é uma espécie de “maestro visual”: ele coordena, afina e harmoniza os elementos visuais que compõe a cena, que será iluminada e fotografada para um filme ou para a TV. Sua orquestra é composta de cenógrafos, cenotécnicos, pintores, figurinistas, maquiadores, cabelereiros, produtores de objetos, técnicos de efeitos especiais e mais recentemente, especialistas em computação gráfica. A equipe sob sua responsabilidade é como uma orquestra: cada um dos membros precisa estar afinado, precisa conhecer a partitura, precisa executar corretamente e inspiradamente a sua parte para que o conjunto da obra seja belo e harmonioso.                                                                 

Realizar a direção de arte de um filme é tarefa complexa que envolve pesquisa, cálculo de custos, gerenciamento de pessoas, além de um profundo conhecimento sobre história da arte, técnicas de construção de cenário, criação 3D em computador, iluminação, fotografia.                                              

O diretor de arte precisa se relacionar com os outros departamentos do filme, especialmente com o diretor de fotografia e o coordenador da produção. Na TV o trabalho é um pouco diferente do cinema, porque geralmente as pessoas têm contrato fixo e um departamento onde se armazena o material de cena, chamado contra-regra, mas a lógica do trabalho permanece a mesma do cinema. É fácil identificar visualmente uma novela, por exemplo, que possui boa direção de arte de uma que não tem. A boa direção de arte faz com que novelas de época, por exemplo, tenham todos os elementos visuais harmoniosos e dentro da época retratada, sem misturas.

A direção de arte não foi sempre assim. No início do cinema, o que se via na tela era uma transposição das técnicas teatrais de cenotécnica, maquiagem e figurino. O cinema dos primórdios, da década de 1910 a 1920, era teatral, a composição visual ainda se apoiava na pintura e na fotografia. Quando assistimos Metrópolis de Fritz Lang ou o Encouraçado Potemkin de Eisenstein a impressão que temos é de uma grande ópera filmada ou de quadros numa exposição, com cenários grandiosos em longos planos abertos, cada um dos planos estudado como se fosse uma pintura. O cinema ainda engatinhava, descobria através do experimentalismo como criar uma linguagem própria.

A técnica influenciou muito nesse processo, as câmeras não possuíam mobilidade, o filme tinha limitações. As primeiras atrizes do cinema mudo usavam maquiagem amarela para aumentar o contraste com os olhos, o filme, de pouca sensibilidade à luz, deixava a pele humana cinza.

Com a evolução dos equipamentos e com o desenvolvimento de uma linguagem cinematográfica, surgiu a necessidade de mais profissionais especialistas em criar elementos visuais para o olhar da câmera. O aumento da equipe fez com que fosse criada a figura do diretor de arte.

Na década de 40, os estúdios americanos trabalhavam como grandes indústrias cinematográficas, com vários filmes sendo produzidos ao mesmo tempo. O fator técnico decisivo para a logística da filmagem era o technicolor, que exigia uma câmera grande que trabalhava com quatro chassis de filme ao mesmo tempo, fixada em gruas ou travellings para poder ser movimentada, operada por até 6 pessoas. A falta de mobilidade exigia o máximo controle de condições climáticas e de iluminação. Tudo se construía em estúdio, mesmo as ruas externas onde Gene Kelly dançou na chuva, tudo era iluminado artificialmente.

O technicolor, pela forma como produzia o filme colorido, exigia que se usassem cores fortes e contrastantes nos figurinos e cenários. O trabalho da direção de arte era limitado ao conjunto de regras do technicolor, não se usavam cores pastéis, não se usavam semitons.

A Nouvelle Vague veio resgatar o ar livre, produzindo filmes em preto e branco com câmeras leves em ambiente externo. O realismo italiano valorizou o homem, o ambiente humano retratado como ele é. O cinema começou a ter variedade de linguagens e estilos.

Hollywood seguiu com sua vocação industrial e continuou produzindo, os atores e atrizes se transformam em ídolos e mitos. Walt Disney começa a produzir animações na década de 50. A Cinecittá italiana começa a produzir também em escala industrial, com seus estúdios-cidade. E o diretor de arte ganha mais espaço para trabalhar.

A partir da década de 1970 direção de arte passou a ser um conceito muito mais sofisticado. Um dos grandes cineastas que transformou o trabalho do diretor de arte foi Stanley Kubrick, o outro foi Frederico Fellini.
 Gene Kelly - Dançando na chuva
Kubrick, fotógrafo e perfeccionista, transformava cada um de seus filmes em obras de arte visuais. Em 1974, realiza Barry Lyndon e dá condições a suas duas diretoras de arte para que realizem um filme de época de uma forma que não havia ainda sido feita. A direção de arte faz uma extensa pesquisa sobre as roupas da época, as perucas, a maquiagem. Kubrick autoriza sua equipe a comprar roupas em leilões, peças originais da época de Barry Lyndon. Cada plano é produzido como pintura, mas não qualquer pintura, como as pinturas da época em que o filme se passa. Kubrick manda fabricar uma câmera especial para filmar à luz de velas. O resultado é um filme lento, com ambientes irretocávies, iluminado apenas com luz natural e velas, onde cada personagem está perfeitamente caracterizado como se vestia na época, onde cada cenário e locação foi preparado para dar a impressão ao espectador que voltou no tempo, que o que está assistindo é uma reconstituição perfeita.



Fellini era um dos cineastas mais criativos de todos os tempos, surrealista e humanista. Fellini criou uma galeria de personagens bizarros e cenários de sonhos. A Cinecittá, em pleno auge, foi seu ambiente. Seus filmes tem uma linguagem visual muito particular, que mistura reconstruções de lugares reais em estúdio – como a réplica da Fontana di Trevi, que aparece em Oito e Meio – com cenários evidentemente artificiais, como o oceano de plástico e o fundo pintado de La Nave Va.

Outro cineasta que permitiu inovação foi George Lucas com seus filmes de ficção científica. Lucas faz o primeiro Star Wars com a técnica desenvolvida pelos estúdios Disney para criar cenários realistas: placas de vidro pintadas onde os personagens são depois “colados” na montagem do filme. As técnicas de montagem ainda eram as mesmas desde a década de 20. Descontente com o resultado, Lucas abriu a Industrial Light and Magic. A direção de arte ganhou um novo departamento: a computação gráfica.

ASSISTA UM POUCO DO FILME STAR WARS:

Apesar de toda a tecnologia atual e das quase infinitivas possibilidades de produção, o princípio criativo do diretor de arte permanece o mesmo: transformar em realidade o que o diretor e os roteiristas do filme imaginaram. Construir mundos de sonhos, seja no mundo real em estúdio, seja no computador. Um filme sem direção de arte pode ser um bom filme; um filme com boa direção de arte será sempre um filme melhor.

Daniela Castilho é diretora de arte, artista plástica e designer
Artigo originalmente publicado na Gazeta Mercantil em 30 de junho de 2006 no Caderno Fim de Semana, página 04







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